ENGORDA E EMAGRECE, EMAGRECE E ENGORDA...
DES-DOBRAMENTOS DO CORPO E A "INVENÇÃO DE SI"
Um limite que não foi construído internamente em relação à alimentação, pode ser construído a partir de um trabalho de “invenção de si”, como proponho aqui chamar, inspirada em Foucault, o trabalho que permite um outro olhar sobre si e a relação com a cultura.
O processo de engordar e emagrecer, psiquicamente falando, corresponde a ser e deixar de ser. Isto é, em um momento você se movimenta desde uma determinada imagem, desde um determinado lugar psíquico. Eu sou assim, de tal jeito, capaz disso, daquilo, penso e falo desde tal lugar. Sinto-me assim. E, não muito tempo depois fala-se, sente-se, se é, de outro lugar, do lugar de quem se vê gordo. Ou magro. Ou etc. Age-se diferente de cada lugar que se imagina ser, estar, pertencer.
Não quero aqui, parecer defender a posição de que devemos ser sempre os mesmos, pensar e sentir do mesmo jeito. De que podemos ser só um de cada vez. Não! Só me refiro aqui com relação a se passar a ocupar um lugar quando se deseja outro. Quando um desses lugares significa um lugar de exclusão. Psiquicamente o processo de transição entre esses lugares pode não significar o lugar de maior sofrimento, pois o sujeito está sempre em movimento, em busca de uma posição de liberdade frente ao desejo que o aprisiona ao Outro. Porém, esses desdobramentos do corpo tem um efeito. Deixam marcas reais e subjetivas as quais poder compor com elas é parte do processo de invenção de si.
Assim, ao entrar nesse processo, antes de desfilar um mar de lamentações pela “perda” de uma posição, de determinado corpo, lembre-se de perceber nesse momento algo que seja parte do novo. Somente percebendo a criação em meio ao que se repete que é possível inventar um outro de si. É na invenção de um outro de si mesmo que compomos outras trajetórias na vida, que mudamos nosso “destino”.
Denise! Adorei o post de hoje, bem como o blog todo! Acho imprescindível que a gente se reinvente o tempo todo, isso ajuda a descobrirmos quem somos e, ao mesmo tempo, não cairmos na acomodação de achar que sabemos exatamente quem somos. Eu sou um pouco de tudo que já fui e ainda serei um pouco de cada coisa que ainda não conheço!
ResponderExcluirBeijão!
Thayná
Olá, Thayná! Que lindo o que vc escreveu! Escreves muito bem! Uma mistura de jornalista e poeta! Fico feliz em saber que me fiz compreender tão bem, tuas palavras me fazem perceber isso! Obrigada por tão lindo gesto de linguagem! Beijo Grande!
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ResponderExcluirObrigada, Carlos! Acho que podem surgir boas discussões de nossas produções! Um abraço, Denise.
ResponderExcluirDenise, muito bom ler teu texto sobre a 'A Invenção de Si', pois podemos pensar o 'engorda/emagrece' como metáfora para outras situações na vida onde desejamos ter outro 'corpo' e ocupar novos espaços. Me acrescenta neste momento.
ResponderExcluirum abraço!
Com certeza, concordo com vc Carmem! Serve sim! Acho que vamos fazer boas trocas literárias!! Seus textos são ótimos!! Um abraço!
ResponderExcluirOlá! Tudo o que está colocado é certeiro! E eu gostei muito de ter lido! Mas no fundo disso vejo um drama que tu abordaste noutro texto: a renúncia ao desejo. Que é o entrave para qqr movimento possível. A transição é instigante, o novo é promissor, a inclusão é uma bela recompensa, mas como alimentar a vontade de se sentir recompensada? Talvez se eu relesse esse texto todos os dias e me fixasse na idéia de que no fundo, no fundo mesmo, existe um ato criador, eu me lançaria com mais vigor nessa empreitada. Criação é uma palavra poderosa. E a função das palavras é conferir poder a quem as profere. Então vamos lá: Faça-se a Luz!! Bjão, Vera Inês
ResponderExcluirOlá, Vera! Obrigada pelo teu comentário! Sim, tem a ver com uma renúncia ao desejo, concordo. Porém, o movimento é que faz não ser somente renúncia... O desejo existe, se apropriar dele de um modo a ir contra a um imaginário que deixa o sujeito submetido ao seu "fantasma", que é o grande desafio! Bjo, querida!
ResponderExcluirCara Denise, prezada.
ResponderExcluirBom te conhecer e saber-te no artebaiao.
Achei teus posts excelentes e lembrei-me do Guimarães Rosa e sua terceira margem do rio!
Estou te seguindo admirado e contente pela descoberta!
Puxa, obrigada por tão suntuoso elogio! Fico muito lisongeada e feliz por saber que gostastes e que meus textos te remeteram ao grande Guimarães Rosa! Acho que vamos fazer ótimas trocas e discussões entre a tua belíssima arte e os meus escritos! Um grde. abraço!
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