Sempre quando sou convocada a falar sobre "a mulher", este tema que em muitos momentos me parece aborrecedor desde que geralmente classifica e institui uma identidade para "a mulher" fixando-a num sentido, ultimamente tem me feito produzir algumas idéias em torno dessa inquietante estereotipia.
Ao se atribuir um sentido natural seja à mulher quanto à criança ou ao homem corre-se o risco de atribuir ao sujeito uma única escritura de si. E nesta alienação a um único sentido e um modo de ser fixo, deixa-se de se surpreender com o que também se é. Com o que podemos nos fazer ser, com novas cores, sabores, gostos, muitos possíveis que há em nós.
Assim, ao pensar a mulher contemporânea conforme me foi solicitado por um jornal da capital, só posso pensar em "as mulheres" contemporâneas, nos infinitos modos de ser mulher. A subjetividade construída historicamente na relação com o tempo e a cultura produz atravessamentos que, como num bordado, tecem delicadamente a pele, o perfume, o jeito e todo um olhar sobre o mundo de cada mulher que é também responsável pela invenção de si.
Cada mulher como cada homem, ou melhor, como cada sujeito, comporta um feminino e um masculino e talvez essas "categorias" se façam mais interessante homenagear.
Pensar o gênero provoca aberturas e rupturas com um colamento instituído pelo pensamento platônico onde o corpo é separado da alma, tomando uma visão organicista como delimitadora do feminino e do masculino. Como se fosse possível produzir o gênero somente desde uma marca biológica.
É desde este ponto que levanto uma questão a ser refletida: Não será a força e a fraqueza do feminino que deve ser lembrada e homenageada ao invés da mulher? A violência e a discriminação contra as quais tanto lutam as ONGs e os Direitos Humanos não estarão encontrando obstáculos justamente ao colar o feminino em uma categoria biológica?
Obs.: Esse comentário foi inicialmente escrito em meio a um grande e chato texto datado em início de março e interrompido pelas razões trazidas aqui. A diferença deve sempre ser homenageada e não estar a serviço de um reforço ideológico pela discriminação. Assim, viva a diferença, o feminino, o masculino, o infantil! E deixemos as crianças, os homens e as mulheres se comporem desde o seu desejo.
O texto do DIA DAS MAES faz com que as pessoas reflitam sobre as suas atitudes, aprendendo a respeitar e conviver com as suas diferenças para respeitar o outro. Gostei bjs. Kátia
ResponderExcluirObrigada, Kátia! É essa a idéia mesmo! Bjos!
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