10 de dez. de 2010

"A REDE SOCIAL"

"A REDE SOCIAL" – um filme que entrelaça vida e obra e onde os expectadores se tornam coadjuvantes.

O filme “The social Network” ou “A Rede Social” estreado esta semana em Porto Alegre remete a muitos de nós expectadores a partilharem da experiência da história narrada. A platéia, em sua maioria usuária da internet, mesmo como coadjuvante transcende a interface da tela misturando-se ao filme. Como um dispositivo maquínico, a tela nos transporta para 2003 iniciando uma viagem à origem de um espaço-tempo que interliga, conecta bilhares de pessoas mundialmente: o Facebook! A história contada diz respeito, de certo modo, também a história dos seus usuários. Como uma espécie de inconsciente coletivo não revela sobre a origem do universo ou da vida de cada um de nós. Mas sobre a origem da vida pessoal enquanto pertencente a essa imensa “família” Facebook. O filme trás imagens e narrativas de “como tudo começou”, analisa “de onde viemos” enquanto “facebookianos” para quem sabe planejar para onde vamos. Porém, como na vida, o futuro só existe quando já é passado. O próprio ritmo temporal do filme provoca essa experiência. O roteiro tem um centro: Mark Zuckerberg, o considerado, até então, principal idealizador do maior site de relacionamentos da internet. Explora traços de sua subjetividade na tentativa de dar visibilidade à construção desse fenômeno. O mais interessante do filme é, entre outros aspectos, desmitificar a idéia de um modelo subjetivo como um padrão ideal de sucesso. O que testemunhamos num primeiro olhar é um jovem rapaz buscando ser aceito entre aqueles que idealizava para alcançar e conquistar a admiração da amada. Experiência angustiante de quase todo adolescente, guardadas as devidas diferenças. Um lindo filme que entrelaça amor e poder em uma história sobre como a paixão é capaz de fazer criar. Por mais piegas que essa frase ressoe e por mais que se busque enquadrar Zuckerberg em alguma classificação psicopatológica apressada e banal justificando uma aparente “baixa auto-estima” e obsessão ligadas a dificuldade de relacionamentos o que reduziria o filme a mais uma produção sensacionalista sem valor artístico algum, a questão que trago aqui para reflexão é o valor da paixão na criação. O que Zuckerberg cria é uma sofisticada rede de afetos onde ele detém o poder e por onde ele imagina alcançar a imagem idealizada inventando o próprio clube e quem sabe se reconectando a jovem amada. Porém, na construção e ampliação dessa rede, como todo sujeito que “vende a alma ao diabo” em troca do objeto almejado, no caso do nosso protagonista, a crença na imagem como caminho para o sucesso e conquista de um lugar de valor para o Outro (conceito psicanalítico) que o sustentaria psiquicamente como sujeito digno de ser amado, é justamente onde se dá o equívoco e a perda do único amigo e de outros possíveis amigos.
O filme, fazendo uma análise ainda premeditada, pareceu-me uma certa retratação de Mark. Um pedido de desculpas àqueles que confiaram e acreditaram em seu valor mais do que ele mesmo. A experiência de estar cercado pelo vazio da multidão, seja ela real ou virtual, destrói qualquer ilusão por mais ferramentas tecnológicas e canais virtuais a que se pertença. Um milhão de amigos virtuais (e por virtual aqui não me refiro a amizade somente em rede, o que pode ser bem real) não substituem um amigo real, isto é, aquele que carrega consigo as diferenças, seus problemas, desafetos, porém alguém que por qualquer razão se goste e em quem se possa confiar.

NOTA desta autora:

1- Para variar, texto escrito entre bocejos e (dessa vez) espirros... por isso perdoem os erros de português, más construções de frases e uma análise ainda pouco refletida... Mesmo ciente disto, penso que a hora de escrever é aquela em que as idéias chamam pelas palavras! Aos poucos vou relendo e reescrevendo.
2- Dedico a escrita deste texto à Dra. Karen Boianovsky, médica séria e competente, dedicada à saúde da mulher, cujos elogios e pedido por novos textos e, cuja amizade cada vez mais real, facilitada também através do Facebook, foi hoje fonte de inspiração para estar aqui às 2:26. Muito obrigada!

5 comentários:

  1. Olá Denise...Gostei muito do seu blog... Ainda não assistí o filme, mas concordo com vc quando cita a inportância dos amigos reais. Com tanta "informatização", esquecemos um pouco o valor do contato humano, nos relacionamos mais com a tela, e menos com as pessoas...

    Grande Beijo
    Carol Tognolli

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  2. Oi, querida!! Obrigada!! Tb. fiz um joguinho de palavras com a questão do real e do virtual no sentido de mostrar que o real remete muito mais ao "verdadeiro" do que necessariamente ao "ao vivo". Muias amizades importantes começam na rede... etc! Mas mudando de assunto, vc leu o texto que escrevi sobre o Glúten!? Indiretamente vc é citada como uma daquelas pessoas que a gente tem a feliz surpresa de encontrar na vida. a Tapiocaria Mundo da Lua, vc e as deliciosísimassss tapiocas e outros quitutes que vc tem aí, abrem um universo colorido de sabores e de alegria para quem sofre tantas restrições! Sou tua fã número 1! Obrigada por trazer para Porto Alegre um pouco das delícias do Ne misturadas com a tua criação! Vc é uma verdadeira artista da culinária e do receber bem! Me sinto em casa e ao mesmo tempo viajando quando estou no teu restaurante! Bjos, queridaaa!

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  3. Olá querida Dê...
    Finalmente entre uma viagem e outra consegui parar em um lugar paradisíaco (Algarve) e ter um tempo para ler e ver as produções maravilhosas da minha amiga.... as vezes por causa dessa correria de vida deixamos de lado as construções e invenções de pessoas importantes que fazem arte das nossas vidas.
    Amei! não vi esse filme mas depois de ver, com certeza vou tentar comentar.
    Espero que essas "paradas" que nos fazem refletir sobre o que somos, onde estamos, o que queremos e sonhamos possam se repetir no nosso dia a dia... Bjo e parabéns! Pati Behar

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  4. Minha grande e querida amiga Paty e, grande em todos os sentidos "Profa. Dra. Patrícia Alejandra Behar! Puxa, teu comentário, não só me honra pela tua importância e valor científico justamente nessa área do conhecimento, mas por estarmos incluídas na rede social da vida há quase 30 anos superando acho que quase todos obstáculos que uma amizade real demanda de todos nós. A tua presença aqui só confirma a razão da nossa perseverança e amor mútuo. Pois amizade trata-se em primeiro lugar de amor! E como todo amor, tem sua dose grande de ilusão, poucas relações de amor superam as diferenças e mantém a admiração pelo que o outro vai se tornando no decorrer da vida! E aí vai uma declaração muito especial pra vc minha grande amiga: Te admiro por tudo e todas que és, pelo que construiu e pelo que podes vir a desconstruir. A vida é um movimento, só sei que todos que já fizeste é digno da minha admiração, amor e cuidado. Aguardo ansiosa pela tua volta de Portugal e por um café pra discutirmos o filme, as novidades e a vida.
    Com certeza, este espaço tb. servirá para eu poder tratar de todas aquelas questões que já vínhamos conversando sobre relações virtuais, etc. Lembra da idéia do artigo?

    Obrigada, querida! Beijo grande!

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  5. Uau..... que comentário maravilhoso!!! obrigada pelas tuas palavras, nos encontramos em breve para o nosso café intelectual! Bjos e até +! Pati

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