7 de jan. de 2011

"COISAS DA VIDA"


“Coisas da vida”, “ossos do ofício”, “faz parte” são alguns dos enunciados que escutamos, pensamos, falamos para dar conta de uma certa condição humana. Ali onde tudo está planejado na sequência de um projeto de vida ideal – coisas acontecem. Um nascimento, uma morte, um casamento, uma separação, um amor, uma desilusão, uma doença, uma cura, um desejo, uma realização, uma frustração, uma saudade... Cenas do cotidiano que, singularmente, repetem-se na vida de cada sujeito. Coisas com as quais temos que “lidar”. Alegrias e tristezas, presenças e ausências que como desafios nos demandam suportar, encarar e até valorizar. “É ruim, mas é bom” diz a legenda de uma mensagem que está circulando na internet. A imagem é a de um bebê levando um limão à boca. Ao sentir o azedinho do limão o larga e, em seguida, volta a levá-lo a boca. A cena vai se repetindo e nos remetendo as várias situações da vida, principalmente aquelas que envolvem as relações amorosas, sejam elas de casal, entre amigos ou familiares. Mas onde o outro, "pós-encantamento", não se apresenta como uma garantia da tão almejada felicidade. Onde o suposto reencontro com o lugar imaginariamente seguro e confortável de outrora (o colo materno) cai, literalmente desaba, assim como a imagem narcísica do sujeito. Um eu que cai, para dar lugar a um outro, agora rachado, um ser em falta. Sujeito dos ossos, do ofício, das coisas, da vida...

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