A palavra depois de dita, depois de escrita marca, afeta, deixa rastros, registros, efeitos. Quando arrependida, pede ajuda, tenta outras, quer desdizer, desfazer... ganha tempo, ganha espaço, perde, se perde.
A palavra, diante da virtualidade do tempo e do espaço, sob a forma de caracteres, onde busca representar o sujeito em sua voz e face, na maioria das vezes, não consegue mais do que apreender vestígios. Vestígios de imagens postadas tentando se conectar a abreviaturas sem pontuação, sem acentuação.
A palavra sozinha enfeita, encanta, iludi... A palavra acompanhada pelo gesto, ganha força, potência, prestígio. Cerca, resgasta, engata. O gesto traduz a responsabilidade com a própria palavra. Entre sons e imagens as palavras articulam manobras e estratégias na composição de novos territórios. Permitir sua costura, seu corte e recorte no enlace ao gesto é devolver à palavra o seu valor de criação. Valor este que outrora definia a paz, a guerra, uniões, etc. Não julgo interessante o retorno ao sólido, porém tomar deste tempo um certo valor perdido pela liquidez, conforme Bauman entende as relações contemporâneas. É poder devolver à palavra seu valor de construção nas relações desde o entrelaçamento ao ato, já que sozinha esta caiu no desamparo.
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